Publicada em 23/08/2024 às 11:20 - Atualizada em 28/08/2024 08:45
“Es muß sein. Es muß sein.”
Conheci Kundera nos corredores da Biblioteca Central da universidade. Entre tantos outros, “A insustentável leveza do ser” passou também a circundar os corredores da minha imaginação e sentiu dificuldade para se acomodar nas prateleiras do esquecimento de tantos outros títulos, no escrito parco de outros autores.
Millan me levou consigo aos quartos de suas amantes; criou e alimentou o meu subjetivo desprezo por Tereza, embora tivesse de ter sido da forma como foi — “Es muß sein”; fez nascer em mim o ardor da paixão por Sabina, seminua com um chapéu de coco na cabeça; senti o fervor da Primavera de Praga de sessenta e oito e o pavor de tanques russos juntamente com o barulho de aviões invadindo a Tchecoslováquia. “Acredite em mim, um só livro proibido em seu país significa infinitamente mais do que as milhares de palavras cuspidas em nossas universidades”.
Morreu no último mês, aos noventa e quatro anos, na França, onde esteve desde sua emigração da então República Tcheca. Estará entre os maiores.