Maior artilheiro da história do Fluminense, e pouco falado no Brasil, ex-atacante está com 83 anos e sofre com a perda de memória.
Por Globo Esporte
Publicada em 29/09/2017 às 21:12
É uma pergunta simples, mas não tão fácil de ser respondida: quem é o maior artilheiro da história do Fluminense? Muitos logo pensam em Fred, mas o atacante que defende o Atlético-MG é o terceiro da lista. A liderança isolada é de um matador que prestou seus serviços ao Tricolor de 1954 a 1961: Waldo Machado da Silva, mais conhecido somente como Waldo.
Foram 319 gols marcados em 403 jogos disputados - o segundo da lista é Orlando Pingo de Ouro, com 184 gols, e Fred vem em terceiro, com 172.
Depois do Flu, Waldo se tornou ídolo do Valencia, onde jogou de 1961 a 1969, e teve ainda uma passagem pelo Hércules-ESP, entre 1969 e 1971. Como fez a vida na Espanha e raramente veio ao Brasil desde então, as notícias sobre ele acabaram se tornando escassas em sua própria terra. Mas o GloboEsporte.com foi atrás e infelizmente se deparou com uma difícil realidade atual do ídolo tricolor.
Waldo está com 83 anos e sofre de Alzheimer. A doença está em estágio avançado, o que apagou toda a sua memória. Ele não lembra, por exemplo, que foi jogador de futebol, e muito menos faz ideia de que é o maior artilheiro da história do Fluminense.
Vive em uma clínica de Valência, onde está sob cuidados de médicos e enfermeiros. Recebe visitas regulares dos filhos - não tem esposa, não se casou. E conta com a ajuda da Associação de Ex-jogadores do Valencia. O presidente da associação, Fernando Giner, visita Waldo semanalmente na clínica.
Por motivos óbvios, uma entrevista com Waldo não foi possível. Os médicos que cuidam do ex-jogador não foram autorizados a falar. Os filhos - são quatro: três brasileiros e um espanhol - optaram pela privacidade. O único que aceitou conversar com a reportagem foi Fernando Giner.
- O Alzheimer do Waldo está muito avançado. Ele não lembra de nada, nem que foi jogador de futebol. Não lembra da família, nada. Piorou muito nos últimos seis meses - comentou Giner.
Segundo o presidente da associação, o Alzheimer de Waldo começou há alguns anos. O problema foi se agravando, e cerca de um ano e meio atrás os filhos resolveram levá-lo para a clínica.
Em julho do ano passado, o antigo craque concedeu sua última entrevista, para o jornal espanhol "As". Ali ele já havia esquecido a maior parte da carreira, e foi quando seu entorno resolveu não permitir mais o contato com a imprensa.
A última visita de Waldo ao Brasil e ao Fluminense ocorreu no fim de 2012, ano em que o clube conquistou o tetra do Campeonato Brasileiro. Na época, ele viajou ao Rio de Janeiro justamente para o lançamento de sua biografia, "Waldo, o artilheiro", escrita por Valterson Botelho.
- Peço até desculpa porque estou fora do Brasil desde a década de 1960. Vim ao Fluminense para essa homenagem e estou muito agradecido. Quando cheguei ao clube tive a sorte de encontrar uma ótima diretoria e grandes jogadores como Castilho, Pinheiro, Didi, Escurinho, Jair Santana, Altair... Éramos uma equipe de amigos. Tive a sorte de ser o goleador máximo daquele time e até hoje as pessoas se lembram de mim por causa disso. Ando pela rua e sou saudado pelos tricolores. Nunca esperava por isso - afirmou na ocasião.
Pelo Fluminense, Waldo conquistou o Campeonato Carioca de 1959 e duas edições do Torneio Rio-São Paulo: 1957 e 1960. O sucesso nas Laranjeiras o levou à Seleção Brasileira.