Do Ceará a Sergipe, rota de Lampião foi percorrida e registrada pelo premiado fotógrafo maranhense Márcio Vasconcelos
Por Acessoria
Publicada em 09/10/2015 às 11:10
O fotógrafo maranhense Márcio Vasconcelos percorreu aproximadamente 3.000km no Nordeste, de Juazeiro (CE) a Poço Redondo (SE), refazendo caminhos que no século XIX acolheram o bando do pernambucano Virgulino Ferreira da Silva, o Lampião. A viagem era parte de um projeto que rendeu o premiado “Na Trilha do Cangaço – Um Ensaio Fotográfico pelo Sertão que Lampião Pisou”. O material está sendo preparado para lançamento em livro.
Aprovado pela Lei Rouanet e com apoio do Grupo Ser Educacional, mantenedor de 38 instituições de ensino superior do país, o livro tem previsão de lançamento para 2016, com tiragem de 1500 exemplares. A obra é dividida em cinco partes - Personagens, Caatinga, Lugares, Fé e Outras Coisas - e inclui alguns detalhes das cenas, sob curadoria da fotógrafa inglesa Maureen Bisiliat. O projeto ainda prevê páginas com conteúdo histórico assinado por Frederico Pernambucano de Mello, considerado um dos maiores colecionadores do tema. Parte dos livros terá distribuição gratuita.
“Ficamos muito felizes com o interesse do Ser Educacional em patrocinar este trabalho. Como trata-se de um grupo que congrega e mantém instituições de ensino em vária cidades do Norte e Nordeste do Brasil, vem casar perfeitamente com o tema do nosso trabalho de pesquisa pelo sertão brasileiro, pela história do cangaço e pela saga de Lampião, considerado um dos mais importantes personagens de nossa história contemporânea”, declara o fotógrafo.
As fotografias não são pura e simplesmente um registro, de certa maneira elas continuam uma característica do Rei do Cangaço. Segundo o site oficial do ensaio (http://www.natrilhadocangaco.com.br), após o assassinato dele, foram encontradas muitas fotos sob as roupas. Eram registros de cangaceiros, pessoas próximas e até de João Bezerra, homem que o matou - uma espécie de álbum com toda a trajetória de vida.
Mais sobre o autor e a obra
Márcio Vasconcelos é renomado e aplica projetos que revelam as tradições e histórias do povo brasileiro. Com o “Nagon Abioton – Um Registro Fotográfico e Histórico sobre a Casa de Nagô”, foi aprovado pelo Programa Petrobras Cultural 2008/2009 e também pela Lei Rouanet. Já o “Na Trilha do Cangaço – Um Ensaio Fotográfico pelo Sertão que Lampião Pisou” foi condecorado no XI Prêmio Funarte Marc Ferrez de Fotografia e finalista no Prêmio Fundação Conrado Wessel de Fotografia 2010/2011.
Alguns dos locais visitados neste segundo trabalho são Juazeiro do Norte, no Ceará, São José do Belmonte, Serra Talhada (onde nasceu Lampião), Triunfo, Santa Cruz da Baixa Verde, Afogados da Ingazeira, São José do Egito e Buíque, em Pernambuco, Água Branca, Delmiro Gouveia, Piranhas e Olho d’Água do Casado, em Alagoas, Raso da Catarina, Barra do Mendes, Uauá, Glória e Paulo Afonso, na Bahia, e Canindé do São Francisco e Poço Redondo (onde o cangaceiro foi morto), Sergipe. A Paraíba também foi visitada.
Entre os principais personagens fotografados estão o cangaceiro Manuel Dantas Loiola, o Candeeeiro, no distrito de Guanumbi, Buíque; Dona Minó, filha de Zé Saturnino, inimigo número um do Rei do Cangaço, em Serra Talhada; Elias Matos Alencar, integrante da volante do tenente João Bezerra, que surpreendeu Lampião no Angico (SE), fotografado em Olho d’Água do Casado. Em meio aos cenários, estão vaqueiros, paisagens do semiárido, igrejas, devotos do Padre Cícero, a casa da avó do cangaceiro, objetos do bando, a grota onde foi morto e o Rio São Francisco.
O projeto surgiu inspirado em registros de fotógrafos da época, em especial as imagens feitas e gravadas pelo libanês Benjamin Abrahão, que se aproximou do cangaceiro por intermédio de Padre Cícero e foi morto no distrito de Pau-Ferro, atual município de Itaíba (PE).