Domingo, 20 de Abril de 2025

Maurício Borges pensa em Tóquio e diz que ouro no Rio inspira alagoanos

Dono do título olímpico inédito para Alagoas, ponteiro do vôlei fala da esperança de ver o esporte do estado em alta. Em Maceió, prestigiou solenidade para jovens atletas


Por Tv Gazeta
Publicada em 28/08/2016 às 20:34


Seleção brasileira comemora ouro em casa (Foto: Pódio Brasil Itália vôlei ouro Murilo)

Primeira Olimpíada, primeiro ouro, primeiro campeão representando Alagoas. De quebra, à espera da primeira filha - que quase nasceu no dia da final. Ponteiro da seleção masculina de vôlei do Brasil, Maurício Borges nem pensa duas vezes antes de responder: esse é o melhor momento da vida e da carreira. O alagoano conquistou o topo do pódio na Rio 2016 há exatamente uma semana e agora está em Maceió aproveitando o fim das férias. Sete dias não foram suficientes para processar tudo o que viveu.
- É bom demais, isso não tem nem explicação. Ser campeão é o sonho de todo atleta. Quando eu subi no pódio, eu não imaginava... Sonhava, mas não imaginava chegar tão alto, no auge. Ser o primeiro ouro olímpico alagoano não tem nem explicação. Ainda não caiu a ficha, por mais que passem os dias, eu acordo, sento no sofá e fico pensando: “Poxa, eu sou campeão olímpico” - contou.

Mesmo que ainda esteja em êxtase com o que conquistou, o jogador conversou com o GloboEsporte.com e tentou refletir sobre as consequências da inédita medalha de ouro. Ele sabe da visibilidade que ganhou no estado e da responsabilidade que um atleta tem em inspirar as novas gerações. No que depender de Maurício, muitas revelações surgirão no vôlei em Alagoas.

- Eu faço de tudo para ajudar. Eu penso que esse ouro vai trazer muitas coisas boas para o voleibol alagoano. Tomara, né? Eu rezo muito. Assim, no que eles precisarem, eu ajudo, vou, dou uma palestra para os atletas mais novos.... Faço o que eu posso para deixar esse voleibol lá em cima.

FILA A


Família acompanha todos os passos do caçula (Foto: Estéfane Padilha/GloboEsporte.com)

Na última sexta-feira, Maurício participou de uma solenidade com atletas e paratletas que conquistaram medalhas nos Jogos Estudantis de Alagoas (Jeal). Chegou de surpresa, para a alegria dos jovens. Quem estava na mesma empolgação foi a família do jogador. O irmão mais velho, Everthon, registrava fotos. A mãe, Marilda, estava eufórica, afinal, o vôlei dos Borges começou com ela.

- Eles me acompanhavam. Eu casei, continuei jogando no master, então, eles me seguiam na quadra, sempre estavam na quadra comigo, pegando bola. O Maurício não, já foi seis anos após o Everthon, então não teve tanto essa ligação comigo, mas ele pegava bola para o irmão e aí acho que ele se inspirou.

O pai, Erivaldo, fica mais de fora da ala dos atletas da família. Everthon brincou que ele foi apenas gandula na juventude. Mas o patriarca não perde nada e diz que valeu acompanhar a carreira dos filhos.

- Não podemos ficar um minuto sequer afastados, porque ele vai morar muito distante e vai ser mais difícil a gente estar junto. Mas todo dia aqui a gente está junto, e depois de anos veio essa conquista maravilhosa.

A ORIGEM E O CRB

O ponteiro faz questão de mostrar a ligação com a família. Também diz onde nasceu e onde jogou em Maceió. O CRB foi um dos clubes da juventude. E, além das quadras, ele garante que acompanha o Galo nos gramados. Perguntado sobre o G-4 na Série B do Brasileiro, Maurício disse que está na torcida para que o time permaneça até o fim do segundo turno e, assim, chegue à Primeira Divisão em 2017.

- Sou regatiano desde quando nasci (risos)! Poxa, é o que eu sonho [o acesso]. Eu tenho até um grupo do CRB, com meus amigos, que jogaram vôlei comigo, e sempre que eu tô aqui a gente vai aos jogos. Eles vão direto ao Trapichão. Então, eu fico ligado. Se o CRB joga e eu estou fora do Brasil, eu pergunto quanto foi o jogo, como está a colocação, sempre estou acompanhando.

O atleta também fala para todos sobre o primeiro treinador, Ricardo, conhecido como Chico, que o lapidou quando jovem, no Colégio Batista, e o ajudou a chegar onde está atualmente. Mas ele sabe que não teria tido tanto destaque se não tivesse ido para Minas Gerais, ainda aos 16 anos. E lamenta que a base em Alagoas não se desenvolva para formar também times profissionais com qualidade.

- Eu não acompanho tanto o voleibol aqui hoje em dia, mas todos os meus amigos falam que aqui está tudo a mesma coisa, a mesma burocracia de sempre. Os times da base chegam em algumas finais, mas não dão continuidade no adulto, o que seria imprescindível para sonhar com uma Superliga, Liga Nacional, essas coisas.

Maurício Borges atualmente defende o Arkas, da Turquia. Há 10 anos, quando foi para Belo Horizonte, logo foi campeão brasileiro com o Minas, em 2006/2007, depois foi eleito o atleta revelação da Superliga de 2007/2008. Além disso, foi o MVP  (melhor jogador) do Mundial juvenil de 2009, pelo Brasil. Títulos na juventude, e agora o maior da carreira adulta, que ele garante ter lugar especial na decoração de casa. Com apenas 27 anos, o jogador espera lutar por outra conquista olímpica.

- Eu estou voltando para a Turquia, gostei muito do clube lá. Eles me acolheram muito bem, os atletas, comissão técnica, os diretores, o próprio dono do time. Eles gostaram muito de mim, do meu voleibol e do meu caráter. Isso é o mais importante, né? Dinheiro é bom, mas não é tudo. Você jogar com o esporte que você ama. E o que eu espero do meu futuro é que tenha mais quatro anos de luta. E que venha Tóquio!

 


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