O que ficou do jogo entre CSA e CRB, na final do Alagoano?
Por Abidias Martins
Publicada em 08/05/2016 às 23:59 - Atualizada em 09/05/2016 11:29
Como jornalista, até aqui, foram as cenas mais tristes que tive que relatar...
A violência entrou em campo antes do apito final. De repente, o palco onde 22 jogadores disputavam o título se transformou num campo de batalha. Em segundos, não dava mais pra contar os envolvidos na selvageria generalizada. Pedras, paus e até um guarda sol da imprensa foi usado para agredir o rival, que no momento foi tratado como inimigo mortal. Um jovem no chão desacordado, incapaz de se defender, foi chutado, pisoteado e só não morreu lá mesmo porque alguns corajosos anônimos interviram.
O cenário de guerra não lembra em nada a pretensão das competições coletivas e o espírito esportivo, que é de trazer alegria e entretenimento para todos.
Do lado de fora do estádio teve mais confronto. Troca de tiros, morte de um torcedor num bar, ônibus apedrejado. Pânico, medo. Parei para comprar um sanduíche. De repente, as pessoas começaram a se apavorar na lanchonete. Era mais um confronto entre a turma do azul e a turma do vermelho.
Cegos pelo ódio, não eram capazes de perceberem-se humanos. Pareciam canibais ou quem sabe bárbaros selvagens, que nunca viveram numa civilização. O saldo preliminar foi a entrada de cinco pessoas no Hospital Geral do Estado (HGE), uma permanece internada em estado grave.
“Não levo meu filho para uma final como essa de jeito nenhum”. “Queria ir para o clássico, mas tenho medo da violência”. “Vou torcer em casa mesmo, é mais seguro”.
Ouvi frases como essas de muitas pessoas. E não é que elas estavam certas! Foram prudentes e livraram-se de vivenciar o desfecho mais triste que o Campeonato Alagoano poderia tomar.
Agora não adiantam lamentações. Já foi, e era previsto que aconteceria. Não foi a primeira vez! Se nada for feito, não será a última. São fatos que nos deixam perplexos e descrentes do futuro da humanidade. Ou não?
Em meio a tudo isso, destaque para o médico Orlando Baía, que prestou os primeiros socorros a dois jovens sem olhar que camisas eles vestiam. Parabéns, doutor!
O humano não deveria ser tratado como “coisa”, que pode ser eliminada por motivos tão banais. A festa perdeu o brilho. A taça virou coadjuvante. E o título... Bom, o título é o título. Quem ganhou com isso?