Médicos denunciam que falta de pagamento causa a demora nos atendimentos nas UPAs em Maceió

A demora para o atendimento nas Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) de Maceió é conhecida por quem já precisou ou acompanhou um parente. Em casos extremos como aconteceram nas UPAs do Jacintinho e do Tabuleiro, os pacientes chegam a esperar 5 horas para serem atendidos. De acordo com os médicos das unidades, o que causa a demora é a falta de pagamento dos profissionais, que estão há mais de 3 meses sem receber pelos plantões e já não cumprem a escala.

A Secretaria de Estado da Saúde (Sesau) informou em nota que a previsão para o retorno do pagamento dos plantões é a partir da próxima semana (veja a nota na íntegra no final do texto).

A demora já é comum nas unidades, porém, de acordo com os profissionais, a situação piorou pois muitos médicos estão deixando de trabalhar por causa da falta de pagamento.

O grande tempo de espera revolta os pacientes e acompanhantes, que indignados pedem uma solução para a situação. Maria Mônica Lopes levou a filha na UPA do Tabuleiro e além de esperar 5 horas pelo atendimento da filha, testemunhou uma cena de descaso com outra paciente.

Paciente mostra que esperou mais de 5 horas por atendimento na UPA em Maceió — Foto: Reprodução/TV Gazeta

Ela conta que um rapaz estava na unidade com a mãe idosa muito debilitada em uma cadeira de rodas, e tentou pedir aos enfermeiros que alguém a socorresse, mas foi ignorado. O rapaz se revoltou, e a polícia chegou a ser chamada ao local.

"A idosa estava praticamente decaída, precisando realmente de socorro. O rapaz já tinha ido diversas vezes aos enfermeiros, pedir que socorressem a mãe dele, porque eles já estavam esperando há muito tempo, e ele simplesmente foi ignorado", conta Mônica.

Rapaz se revolta com demora par ao atendimento da mãe em UPA de Maceió, Alagoas — Foto: Reprodução/vídeo

Revoltado, ela conta que ele começou a gritar na UPA, e então os funcionários chamaram a polícia. Com a chegada da polícia, Mônica que gravou a situação (confira o vídeo na reportagem acima), disse que mostrou o vídeo aos policiais.

"Os servidores chamaram a polícia, e ele simplesmente pegou a mãe dele saiu e procurou outro local para a mãe dele ser atendida. Eu fiquei lá esperando. Depois que aconteceu esse tumulto, as pessoas começaram a ser atendidas. Aí a gente se pergunta onde estavam esses médicos que não atenderam antes".

Um médico informou que com a falta de profissionais, os que vão trabalhar ficam sobrecarregados, o que torna os plantões mais desgastantes.

"Muitos não estão vindo mais, por causa do baixo valor do plantão, além do não pagamento de 3 meses, e nós como clínicos, estamos atendendo a ortopedia, a parte da pediatria e clínica, então, o plantão está pesado, está cansativo, e ainda mais sem receber", explicou um médico clínico, que prefere não ser identificado.

Leia a nota na íntegra da Sesau

A Secretaria de Estado da Saúde - SESAU esclarece:

Os pagamentos executados pela SESAU dependem, neste momento, da volta à operacionalização do Sistema Integrado de Administração Financeira do Estado de Alagoas (SIAFE), com previsão de retomar o funcionamento na próxima semana, já operando a Lei Orçamentária deste ano. A partir de então, reativaremos os processos de pagamentos.

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