Sábado, 28 de Dezembro de 2024

Moradores de áreas ainda ocupadas no Pinheiro, em Maceió, cobram inclusão de imóveis no mapa de ações prioritárias

Eles afirmam que rachaduras têm aumentado nas casas e prédios da região, mas a Defesa Civil de Maceió defende que as fissuras não têm relação com o afundamento do solo causado pela exploração de sal-gema.


Por G1 Alagoas
Publicada em 21/12/2022 às 17:21


Advogado fixou régua na parede do scritório para monitorar rachaduras — Foto: Reprodução/TV Gazeta

Moradores de áreas que não foram desocupadas no Pinheiro, em Maceió, cobram a inclusão dos seus imóveis no mapa de ações prioritárias para realocação porque, segundo eles, as rachaduras que surgiram na parede estão aumentando. Porém, a Defesa Civil Municipal defende que as fissuras nestes imóveis não têm relação com o afudamento do solo causado pela exploração de sal-gema.

Foi no Pinheiro que as primeiras rachaduras surgiram, após fortes chuvas em fevereiro de 2018. Elas aumentaram quando um tremor de terra foi sentido em diversos bairros duas semanas depois, no dia 3 de março do mesmo ano. O problema se agravou e se espalhou para bairros vizinhos, provocando a desocupação de cerca de 14 mil imóveis.

Quatro anos depois, ainda há imóveis que apresentam rachaduras, mas que não foram incluídos no mapa de risco. Sem esse reconhecimento, os proprietários destes imóveis não são incluídos no programa de compensação financeira, criado para quem foi obrigado a desocupar seu imóvel por causa dos reflexos da mineração.

É o caso de José Lourenço. Ele é aposentado e investiu todo o dinheiro que ganhou durante os anos de trabalho em imóveis no Pinheiro. "O que eu fui adquirindo, eu fui aplicando aqui. Mas a gente não sabia que ia chegar a esse ponto".

O escritório do advogado Jefferson Oliveira também apresenta rachaduras. Para monotirar a situação, ele afixou réguas nas paredes da sala em que ele trabalha. "Eram bem pequenas, agora cabe uma caneta".

Jefferson conta que, em junho, solicitou à Defesa Civil uma vistoria no imóvel, mas os técnicos só fizeram a visita quatro meses depois, após o advogado entrar com uma representação no Ministério Público Federal.

"Eles [técnicos da Defesa Civil] marcaram comigo algumas vezes, mas nunca compareceram. Após a representação foi que eles vieram aqui. Todos os imóveis do entorno estão dentro da área de risco, já foram desocupados, mas a Defesa Civil insiste em dizer que [o escritório] não está na área de risco, sempre dando laudos inconclusivos", afirmou.

Apesar das fissuras terem aumentado, a Defesa Civil de Maceió afirmou que realiza vistorias periodicamente na região e que os estudos realizados mostram que rachaduras como as dos imóveis de José Lourenço e Jefferson Oliveira não têm relação com o movimento do solo.

"Essas fissuras têm correlação com outras motivações, sejam elas estruturais, sejam por falta de manutenção, não podem ser incluídas como resultado da subsidência [causada pela mineração]. Até o momento, não foi apresentada nenhuma relação com a subsidência. A partir do momento em que os nossos técnicos da Defesa Civil e do comitê técnico apresentarem conclusões de que essas patologias encontradas nessas edificações têm relação com a subsidência, ampliaremos o mapa e traremos essas edificações também para ações prioritárias com relação à realocação e idenização", explicou Abelardo Nobre, coordenador da Defesa Civil de Maceió.

Nesses casos em que não há comprovação da relação entre as rachaduras e o movimento do solo, a Defesa Civil afirma que cabe ao proprietário contratar profissionais para identificar as possíveis causas das fissuras.

"Quando os nossos técnicos visitam, eles produzem um relatório e fazem uma conclusão de forma geral. Fica facultativo ao proprietário do imóvel contratar um engenheiro, contratar um profissional habilitado para fazer essas explicações. A gente não tem a obrigação de emitir laudo técnico individual", disse o coordenador da Defesa Civil.


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