Segunda-Feira, 23 de Dezembro de 2024

“A força de empreender está ainda maior”, afirma afroempreendedora alagoana


Por Cada Minuto - Gilca Cinara
Publicada em 06/09/2022 às 18:38


Stephany Domingos / Foto: Cortesia

A vontade de ter sua própria marca de cachaça rendeu ao empresário Luiz Ramos boas conquistas após o produtor ser lançado no mercado. A ideia partiu de Ramos e foi abraçada pela sua companheira, Stephany Domingos, que atualmente faz o marketing da cachaça nas redes sociais. 

A marca alagoana “Cachaça Boabá” entrou no mercado em setembro de 2021 e neste ano ficou conhecida nacionalmente após ser eleita pelo “Ranking da Cúpula da Cachaça” como a terceira melhor cachaça envelhecida / armazenada de 2022. 

“No mercado cachaceiro receber uma premiação de renome como essa é muito importante para se tornar conhecida entre os amantes da bebida e todos que compõem o mercado”, disse Stephany Domingos. 

Afroempreendedores

O casal compõe a rede dos afroempreendedores em Alagoas, fortalecida com o surgimento de novos empresários em diversos segmentos. Para criar a expansão da cachaça, Stephany Domingos, que também é empreendedora digital, pensou em aparecer nos conteúdos criativos para mostrar a bebida e desmistificar o preconceito de que cachaça não é uma boa bebida e nem é uma bebida de mulher. 

 “Como empreendedora digital, estou no Instagram como @apretasocialmedia e trabalho para ajudar mulheres empreendedoras para que consigam se posicionar na rede social de forma criativa, assertiva e estratégica mostrado seus produtos, serviços e se conectando com sua audiência transformando seguidores em fãs e fãs em cliente”, explicou ela. 

Stephany Domingos destaca que sempre acreditou no afroempreendedorismo, mostrando que já existem estudos que mostram que as maiores empreendedoras do Brasil são mulheres negras.

 “Isso vem desde os tempos mais antigos quando as mulheres saíram com seus quitutes para vender no Brasil escravista. Acho que agora a força de empreender está ainda maior. E depois da pandemia onde muitas pessoas perderam seus empregos. Empreender foi a solução para trazer renda para dentro de casa”, completou ela. 

“A diversidade está posta, mas a inclusão é o desafio”

A Negra-Mina Consultoria em Diversidade e Inclusão é uma empresa afroempreendedora social (idealizada e gerenciada por uma mulher negra) que visa legitimar a ocupação dos espaços na sociedade, pautada nas questões de gênero, raça e classe. É conduzida pela jornalista Luíla de Paula, que busca através da realização de cursos mentorias treinamentos e consultorias tanto para as empresas, quanto para os profissionais liberais, combater estrategicamente o racismo estrutural e o sexismo. 

“As estratégias e metodologias utilizadas na consultoria são afrocentradas, mas não impede de atender pessoas não negras. Uma vez que visa o reconhecimento da diversidade e tem como desafio a inclusão. Tendo como seu principal produto o alinhamento profissional e de carreira com o propósito de vida. Estar inserido no mercado de trabalho, tendo sua identidade reconhecida e respeitada, seja atuando em uma empresa ou empreendendo, é um Direito Humano”, explica Luíla. 

Até chegar à formação da Negra-Nina, Luíla relata que precisou ajustar sua carreira e se adaptar ao movimento do mercado, com uma uma linguagem e abordagem diferentes. “A Negra-Mina nasceu da minha experiência nas áreas da Comunicação – sou jornalista -- da Educação – enquanto professora especialista em Direitos Humanos e Diversidades -, além do meu ativismo social e cultural. De fato, trazer estas experiências para o meu afronegócio, foi um caminho natural, o que não significa não ter que reformular projetos”, disse ela. 

Como consultorias, ela assegura que o afroempreendedorismo  está iniciando este processo de visibilidade e reconhecimento, enquanto negócio potente e em Alagoas a distância tem sido grande com relação a outros estados do sul e sudeste. 

“Volto a reafirmar que a diversidade está posta, mas a inclusão é o desafio. Aqui em Alagoas estamos a passos distantes de outros estados da região sul e sudeste. Haja visto que, presto consultorias para instituições em São Paulo, Rio de Janeiro e Bahia. Aqui em Alagoas, ainda estou a passos mais lentos”, concluiu. 

Empresas voltadas para cultura afro brasileira 

Em 2021, o Sebrae Alagoas iniciou o projeto Afro Empreende Alagoas quando realizou uma chamada para que pessoas que se auto declaram preta ou parda fizessem a sua inscrição. Foram obtidas 79 inscrições, selecionadas 30, com um número de 22 concluintes.   

Gestora do projeto, a consultora Ana Madalena Sandes afirma que o afroempreendedorismo alagoano necessita de bastante inovação para se tornar competitivo e a maioria dos negócios, ainda são negócios bem tradicionais e bem variados, mas mais de 50% possui muito produto voltado para a cultura afro brasileira que traz uma ancestralidade. 

No Sebrae, as turmas são de maioria do gênero feminino, isso acompanha o resultado nacional dos negócios, que aponta que o afroempreendedorismo tem em sua maioria mulheres. 

“Ainda precisamos fortalecer mais essa pauta, Alagoas tem uma força histórica com a Quilombo dos Palmares e isso deveríamos usar a nosso favor para mostrar que a luta histórica tem força até os dias atuais”, respondeu Ana Madalena ao ser questionada como avalia a iniciativa em Alagoas com a relação a outros estados do Nordeste. 


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