Pescadores zarparam rumo ao Rio de Janeiro para comemorar a Independência do Brasil, mas só chegaram ao destino meses depois. A aventura foi em 1922 e eles se tornaram lendas do estado.
Por Erik Maia, TV Gazeta e g1 AL
Publicada em 30/08/2022 às 17:51
A viagem de quatro jangadeiros que partiram de Alagoas até o Rio de Janeiro, em 1922, em uma jangada, virou documentário assinado pelo diretor Carlos Pronzato. A pré-estreia está marcada para esta terça-feira (30), às 20h, no Cine Arte Pajuçara.
O documentário, intitulado “Jangadeiros Alagoanos: O que Orson Welles não viu’’, comemora os 100 anos da aventura. Um monumento instalado na orla de Ponta Verde, relembra a história dos amigos que zarparam da enseada do Jaraguá rumo a capital do Brasil, na época, o Rio de Janeiro, em uma jangada de seis paus.
Os pescadores Umbelino José dos Santos de 45 anos, mestre da embarcação de Passo de Camaragibe; Joaquim Faustilino de Sant’Ana de 41 anos, da Barra de São Miguel; Eugênio Antônio de Oliveira de 28 anos e Pedro Ganhado da Silva de 36 anos, de Coruripe, deixaram Alagoas na manhã do dia 27 de agosto de 1922.
Era a festa dos 100 anos da Independência do Brasil e vários estados brasileiros enviaram embarcações para as comemorações do 7 de Setembro na capital federal, porém nenhum outro estado teve marinheiros com a ousadia de navegar em uma embarcação tão frágil quanto a dos alagoanos.
"A jangada não parecia com as de agora, a da época era feita com o que chamamos de pau de jangada. Eram seis paus, ela tinha mais ou menos 1,60 de altura por 6 ou 7 metros de comprimento, e uma vela enorme", disse Maria Aparecida, presidente da Colônia de Pescadores Z1.
A viagem deveria durar 11 dias, mas os jangadeiros ficaram 98 dias no mar, chegando na capital no dia 2 de dezembro. Eles foram recebidos pelo então Presidente da República, Arthur Bernardes. Dias depois, 10 de dezembro, Dia do Pescador, o pavilhão de exposições das festas do Centenário no Rio de Janeiro promoveu um programa em homenagem aos jangadeiros alagoanos.
De volta ao lar, os pescadores foram recebidos por autoridades e pelo povo, que comemorava a viagem que se tornaria uma lenda do estado.