Sede da empresa falsa funcionava na Rua Barão de Penedo, em Maceió.
Por G1 Alagoas
Publicada em 28/04/2022 às 18:30 - Atualizada em 28/04/2022 19:15
A Polícia Civil, por meio da Divisão Especial de Combate à Corrupção (Deccor), realizou uma operação em Maceió nesta quinta-feira (28) contra crimes de estelionato, lavagem de capitais e organização criminosa. Os integrantes do grupo criminoso são suspeitos de aplicar o golpe do empréstimo consignado em Alagoas.
Foram cumpridos mandados de busca e apreensão de bens estimados em aproximadamente R$ 6 milhões, além de R$ 100 mil em espécie. Entre os bens estão três carros de luxo, uma casa em um condomínio de luxo no bairro da Serraria e dois apartamentos de luxo, um no Farol e outro na Pajuçara.
Os alvos da operação são uma mulher de 51 anos, que chefiava o grupo criminoso, o marido dela, de 66 anos, dois filhos, um contador e laranjas que faziam saques do dinheiro resultante do golpe. Os nomes dos suspeitos não foram divulgados.
A polícia acredita que mais de 100 pessoas tenham sido vítimas do crime, e revelou que chefe da organização criminosa já atua desde 2005 em Maceió.
A ação foi comandada pelos delegados José Carlos, coordenador da Deccor e Lucimério Campos, titular da Seção Especializada no Combate a Crimes Contra a Ordem Tributária e Administração Pública (Secotap).
Policiais civis da Secotap, Núcleo de Inteligência (NI) da Delegacia Geral e do Tático Integrado de Grupos de Resgate Especial (Tigre) cumpriram, em seis locais em Maceió, mandados expedidos pela 17ª Vara Criminal da Capital.
A ação teve apoio do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público do Estado (MPAL).
As investigações que duraram cerca de dois anos apontaram que o golpe era aplicado por meio da empresa MinasCred, localizada na Rua Barão de Penedo, em Maceió. O local funcionava como uma empresa de empréstimos consignados a pessoas físicas, principalmente a servidores públicos.
Segundo a Polícia Civil, servidores superendividados eram atraídos para conseguir empréstimos consignados, mesmo sem margem consignável, a fim de quitar débitos com bancos e correspondentes, sendo que tais serviços fornecidos pela líder da organização onerava excessivamente os clientes, que além de concordarem com negócios dos quais não tinham qualquer noção de valores e juros, ainda eram obrigados a fornecerem senhas, abrirem contas e assinarem papéis, tudo às cegas.
Ao recepcionar as vítimas endividadas e sem margem consignável, os integrantes do grupo as convenciam pagar uma taxa de serviço de 15% sobre as dívidas já contratadas para, em seguida, contratar novo empréstimo, cujo valor nunca chegava a essas vítimas.
O grupo criminoso definia valores a serem pagos para as vítimas. Para concretizar o golpe, eles diziam que liberariam a margem consignável, mas o novo empréstimo, com valores bem superiores, acabavam nas mãos dos golpistas.
Segundo o delegado Lucimério Campos, a estrutura da MinasCred era usada para essa transação e os valores eram creditados nas contas criadas apenas para receber o empréstimo. Em seguida, operadores da líder do grupo efetuavam saques e transferência para contas da estelionatária.
O delegado Lucimério Campos disse ainda que, com a divulgação do caso, outras pessoas vítimas do golpe podem comparecer à Secotap, no Complexo de Delegacias Especializadas (CODE), no bairro de Mangabeiras, para prestarem esclarecimentos sobre os fatos, e seus casos serem também objeto de análise e investigação pela unidade especializada da Polícia Civil.