Expedição encontra recifes de corais ameaçados de extinção em Alagoas
Por G1
Publicada em 28/09/2018 às 15:13 - Atualizada em 28/09/2018 15:21
Uma expedição realizada por pesquisadores do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) percorreu a maior unidade de conservação federal costeiro-marinha do Brasil, a Área de Proteção Ambiental (APA) Costa dos Corais e encontrou muitas preciosidades no fundo do mar.
Em Ipioca, no Litoral Norte de Maceió, pesquisadores desceram 30 metros de profundidade e encontraram os recifes de corais mais conservados da APA.
A 95 quilômetros dali, em Japaratinga, existem espécies ameaçadas de extinção em volume gigantesco, como uma coleção de recifes de corais do tipo cérebro. Usando trenas subaquáticas foi possível precisar a extensão do coral.
"O que chamou atenção pra gente foi a quantidade de indivíduos, esse geralmente é um coral que forma áreas pequenas, de 50 centímetros, um metro quadrado no máximo, e a gente encontrou praticamente um quilômetro de extensão coberto por esse coral. Talvez a área mais extensa já documentada até hoje. As expedições têm trazido pra gente um panorama novo da APA Costa dos Corais e descobrindo várias oportunidades aí de conservação que a gente ainda têm do ecossistema", informou o biólogo do ICMBio, Pedro Pereira.
A Costa dos Corais se estende por cerca de 30 quilômetros mar adentro e pode alcançar até 80 metros de profundidade. Nessa expedição, os biólogos exploraram 200 pontos estratégicos. Em 9 meses de monitoramento, 150 mergulhos, mais de 30 reuniões com as comunidades e histórias de transformação contadas pelos pescadores.
"Isso aqui de primeiro era muito fundo. Aqui meu pai pescou muito e disse que era fundo direto aqui e hoje em dia tá raso demais. Com tudo assim, a gente pesca, vem, sobe todo mundo pra pescar, todo mundo desce”, observou o pescador Ivanildo da Silva.
Tudo que é observado e avaliado pelos mergulhadores em horas de trabalho no fundo do mar segue agora para uma próxima etapa. As informações vão para um banco de dados que vai compor a revisão do plano de manejo da APA Costa dos Corais, que nada mais é do que um regimento com normas e diretrizes pra conservação da área de proteção ambiental.
O plano de manejo da APA foi aprovado em 2013 e com a atualização será possível criar um novo ordenamento, inclusive para as piscinas naturais. Em Paripueira, elas estão a 2,5 km da costa, e representam bem o nome do município, que em tupi significa: “águas mansas”.
Se o controle já é bem rigoroso, com o plano de manejo revisado será possível ampliar o zoneamento que já existe na APA, mas não antes de consultar as comunidades.
Mergulhadores exploram APA Costa dos Corais, em Alagoas
(Foto: Reprodução/TV Gazeta)
"Pra cada município existe uma proposta diferente. Então num município específico vai ser criada duas zonas de preservação. Por exemplo, vai ser criada só uma, qual o tamanho dela? Quantas áreas de visitação vão existir? Então, esse protocolo ele não é engessado, cada município vai realizar um processo de zoneamento diferente", explicou Pereira.
A longo prazo, serão mudanças também na qualidade de vida das milhares de pessoas que tiram o sustento da APA.
"Tem que preservar porque preservando, mais pra frente o peixe cresce e a gente tem como pegar ele e manter nossa família, né? Se num preservar, vai acabar tudo e a gente não tem como pegar um peixe", disse o pescador Miro Timóteo.
"A gente espera continuar o monitoramento, por exemplo, daqui cinco anos ver que a população de coral tá crescendo, a população dos peixes tá se restabelecendo, a pesca tá sendo garantida. a mudança no ecossistema ela é um mudança normalmente lenta e gradual, então a gente tá plantando agora pra colher daqui a pouco", comentou o biólogo.
Recifes corais ameaçados de extinção são encontrados em APA Costa dos Corais, Alagoas (Foto: Reprodução/TV Gazeta)