Fonoaudióloga da Sesau alerta para os cuidados com a voz e audição durante a Copa

Durante os jogos da Copa do Mundo de Futebol, a voz é usada para demonstrar emoção e alegria, gritando e falando, na maioria das vezes, bem alto. Mas é aí que mora o perigo, de acordo com a fonoaudióloga da Secretaria de Estado da Saúde (Sesau), Rayné Melo. “Nas comemorações, é comum usarmos a voz em ambientes com muito barulho, o que causa a competição sonora, fazendo com que o uso da voz seja mais intenso”, afirmou.

A fonoaudióloga indica que as pessoas tenham cuidado com os gritos. “Quando o torcedor está assistindo aos jogos da Copa do Mundo, principalmente aos da Seleção Brasileira, é natural que ele eleve a voz, em função da ansiedade e estresse. Contudo, isso pode gerar algumas alterações vocais, como rouquidão, falha na emissão da voz, sensação de aperto, entre outros”, afirmou.

Em geral, é aconselhável amenizar o consumo de bebida gelada com alimentos em temperatura alta durante o uso intenso da voz, para evitar o efeito do choque térmico, que pode causar um aumento no muco (aquela sensação de pigarro) e até edemas nas pregas vocais. “Fazer aquele ‘ram ram’ do pigarro também faz mal. Falar mais alto que o ambiente do som também é ruim”, pondera, lembrando que fatores como a alimentação e temperatura influenciam também na voz.

“Para quem vai curtir a festa no ar-condicionado, toda essa questão de sair do ambiente frio para o quente faz mal, porque o ar resseca a mucosa. Você sente como se a mucosa engrossasse, então isso vai produzir um pigarro com mais frequência e danificar a voz”, frisou ela.

Rayné Melo ressaltou, porém, que quando as pregas vocais estão hidratadas, elas não se atritam. “É hábito tomar aquela cervejinha gelada, mas é importante, principalmente, tomar água para a hidratação das pregas vocais, pois estando hidratadas, elas não vão se atritar e, sim, deslizar, evitando lesões nos músculos”, recomendou.

Comer alimentos cítricos durante os jogos ajudam na limpeza e hidratação das pregas vocais. Assim como a maçã, esses alimentos possuem ação adstringente, além de deixarem a saliva mais fina. “A acidez dos alimentos cítricos auxilia no processo de absorção do excesso de muco nas pregas vocais, evitando a sensação de secreção acumulada na garganta. Na tentativa de desobstruir a garganta, muitas pessoas tossem ou pigarreiam com força, sem saber que estão prejudicando a saúde vocal”, explicou.

De acordo com a especialista, o repouso vocal é importante, visto que todo músculo que é muito usado, também precisa de descanso. “Com as pregas vocais não é diferente. Ficar em silêncio, hidratar-se e fazer uma nebulização com soro fisiológico ajuda bastante”, garantiu Rayné Melo.

Audição

A profissional contou, ainda, que a típica brincadeira de tocar corneta, apitos e buzinas, próximo ao ouvido de outra pessoa pode ser prejudicial para a saúde auditiva. As buzinas, produto muito utilizado durante os jogos e as comemorações, emitem, em média, um som de 100 decibéis, que é muito alto.

“Esse barulho súbito pode causar, de imediato, a sensação de ouvido tampado, tontura, zumbido e dificuldade para ouvir. Sons elevados podem causar danos irreversíveis à audição, porque à medida que as células auditivas morrem, elas não são regeneradas e a dificuldade auditiva é cada vez maior”, advertiu a fonoaudióloga.

De acordo com Rayné Melo, é possível utilizar alguns desses apetrechos sonoros, ir para bares e festas cheios de gente, reunir o pessoal na sala de casa e comemorar. Mas, sempre, com cautela e de maneira consciente. Se a opção for reunir os amigos em casa, controle o volume da tevê e, nos intervalos do jogo, deixe-a no mudo. Se for preciso, por exemplo, gritar para conversar uns com os outros, é hora de abaixar a TV.

Se a comemoração acontecer em bares e festas, onde não se é possível controlar a intensidade do barulho, evite ficar próximo a caixas de som e de pessoas com instrumentos barulhentos.

A fonoaudióloga orienta, ainda, que se você quiser animar a festa com apetrechos sonoros, lembre-se de que buzinas e cornetas devem ser apontadas para cima. "Jamais toque esses instrumentos perto ou diretamente no ouvido de outra pessoa", aconselhou, acrescentando que fogos ou rojões devem ser manipulados em lugares abertos, já que o forte ruído pode causar perda auditiva irreversível.

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