O HOJE ACORDADO

Minhas costas doíam
O cobertor queimava em meu rosto
A luz atravessava todas as janelas do quarto,

E acordei.

Com aquela sensação de ter dormido há anos
E sonhado com pessoas que não lembro mais,
Uma palavra me acompanhou
 Durante todo café da manhã:

Paixão...

PAI-

XÃO.

Às vezes me pergunto
Por que tinha que acontecer,
Por que tinha de doer tanto,

Sentir tanto

Sofrer tanto...

Como se tivesse chegado
 Em uma parte de mim
E escrito: Eu passei por aqui...

Por anos renunciei
Tentei usar água, detergente, borracha,
Todos os recursos possíveis
 Que eu pudesse apagar,
Todas as marcas de rastros que deixou.
E com isso eu só me anulava
Renunciava...

O hoje acordado
Me diz para não fugir!
Ao invés de apagar
Assume que viveu

E desenhe mais, escreva mais.

Seu interior
É grande demais
Para desperdiçar energias
Tentando apagar dias passados.